A decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve guiar os negócios domésticos nesta quarta-feira. O comunicado sai após o fechamento dos mercados, portanto a sessão de hoje tende a ser de cautela entre os ativos locais, já que agentes podem preferir aguardar a definição do colegiado antes de tomar mais risco.
Embora o Copom tenha sinalizado no guidance da reunião anterior que o ritmo de cortes de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic tenderia a ser mantido este mês, boa parte do mercado passou a apostar numa desaceleração, justificada por um aumento nas incertezas fiscais e internacionais. No fechamento de ontem, o mercado de opções digitais de Copom mostrava chance de 81% de corte de 0,25 ponto porcentual hoje, que levaria a Selic a 10,50% – atualmente, a taxa básica está em 10,75% ao ano. Os principais bancos do país também esperam uma redução no ritmo da flexibilização monetária.
Agentes econômicos ficarão atentos ao placar da votação, que pode dar sinais sobre o futuro da política monetária brasileira após o fim da presidência de Roberto Campos Neto no Banco Central – o mandato do dirigente termina no fim deste ano.
O ajuste nas expectativas para os juros dos Estados Unidos também fica no radar e tem efeito sobre os mercados no Brasil. Ontem, o presidente do Federal Reserve (Fed) de Mineápolis, Neel Kashkari, fez comentários considerados cautelosos, que pesaram no mercado após o otimismo dos dias anteriores, quando outros dirigentes haviam adotado um tom mais ameno. Hoje, agentes acompanham as falas do vice-presidente do Fed, Philip N. Jefferson, da presidente do Fed de Boston, Susan Collins, e da membro do conselho do Fed Lisa D. Cook.
Durante a manhã, o rendimento dos Treasuries trabalhava em ligeira alta, enquanto o índice DXY operava perto da estabilidade.
Na agenda local, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dá entrevista à Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) às 8h. O mercado também fica atento às novidades sobre a tragédia no Rio Grande do Sul. Os balanços do dia podem influenciar a bolsa: a Ambev divulgou seu resultado durante a madrugada, e os recibos de ação da companhia em Nova York (ADRs) subiam no pré-mercado. Entre as commodities, o petróleo Brent recuava cerca de 1% no exterior.