O diretor de política econômica do Banco Central (BC), Diogo Abry Guillen, afirmou que muita “tinta foi gasta” depois da última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre votos, composição e intenções e houve “um pouco de atenção e drama demais sobre isso”. Guillen participou de seminário promovido pelo European Economics and Financial Centre nesta quinta-feira.
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O diretor se referiu à ata da reunião do Copom e disse que ela explicou quais foram as razões para os votos diferentes, a relevância do “forward guidance” (sinalização) e o compromisso de levar a inflação para a meta. “Quando penso na última reunião, talvez o mais importante seja que todo mundo concordou que a política monetária deveria ser mais cautelosa, mais contracionista e mais flexível, sem indicações sobre os próximos movimentos da política monetária, essa eram talvez os pontos principais da ata”, disse.
No início deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual (p.p) para 10,50% ao ano. A decisão dividiu os membros do comitê, com quatro diretores, inclusive Guillen, e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, votando pelo corte de 0,25 p.p. e outros quatro diretores votando pela redução de 0,50 p.p.
Segundo a ata, a discussão se deu em torno do “forward guidance” dado na reunião anterior de que, se confirmando o cenário esperado, faria um corte de 0,50 p.p. Os membros do Copom que votaram pela redução de 0,25 p.p. lembraram que o “foward guidance” era condicional e que houve alteração no cenário. Já os que votaram pelo 0,50 p.p. defenderam seguir o “guidance”, “mas reafirmando o firme compromisso com a meta e com a requerida taxa terminal de juros” para atingir a convergência da inflação com a meta.
Guillen também enfatizou que o compromisso firme de atingir a convergência da inflação para a meta foi unânime e que isso é importante para “pensar como a política monetária vai ser conduzida no futuro”.
O diretor foi questionado se o ciclo de reduções da Selic tinha acabado e afirmou que, tendo o ciclo atual finalizado ou não, a forma como o Copom decidiu comunicar pensando na política monetária “daqui pra frente” é que ela vai precisar ser flexível, “sem indicação e entendendo como o cenário vai evoluir para pensar nos próximos movimentos”. “Acho que essa foi a mensagem principal e a mensagem principal de todos os membros.”