FMI prevê menor crescimento na América Latina como resultado das mudanças demográficas | Mundo

Por Milkylenne Cardoso
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A América Latina enfrenta um grande desafio para seu crescimento econômico nos próximos anos com a piora nas tendências demográficas, apontando para um crescimento mais lento da força de trabalho, alerta um estudo divulgado nesta terça-feira (23) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Prevemos que, nos próximos cinco anos, o crescimento na América Latina seja de cerca de 2% ao ano, em média, o que é inferior à já baixa média histórica”, projeta o FMI, completando que o resultado é mais fraco do que os de outras economias emergentes na Europa e na Ásia, que esperam crescer 3% e 6% ao ano, respectivamente.

Desaceleração do crescimento populacional

De acordo com o estudo, o crescimento mais fraco reflete, em parte, os problemas crônicos de baixo investimento e lento crescimento da produtividade. A novidade, agora, é a combinação desses fatores com a desaceleração do crescimento populacional da região, de cerca de 1% ao ano nas duas décadas anteriores à pandemia para em torno de 0,6% ao ano nos próximos cinco anos.

“Mais importante ainda, o dividendo demográfico está desaparecendo à medida que a população da região está envelhecendo e a parcela em idade ativa está atingindo seu pico. Isso significa que a parcela capaz de gerar renda deixará de crescer”, aponta o estudo.

Essa é uma mudança significativa para a região, tendo em vista que a parcela da população em idade ativa vinha aumentando até o momento, possibilitando que a força de trabalho se expandisse em 0,5% ao ano desde 2000. O Fundo alerta que não prevê crescimento da população em idade ativa nos próximos cinco anos, em média.

Nesse cenário, para que o motor do trabalho continue funcionando nos países da região, o FMI alerta para a necessidade de aumentar a participação na força de trabalho, principalmente incorporando mais mulheres.

“A participação delas continua baixa, com apenas 52% das mulheres em idade ativa, em comparação com 75% dos homens”, indica o FMI.

Algumas políticas podem ajudar na participação feminina, como os programas de creches, oferta de mais capacitação e evitar que a tributação interna desincentive os trabalhadores secundários nas famílias. Além disso, para o Fundo, seria útil eliminar a assimetria entre os benefícios na forma de creches e licenças parentais concedidos a homens e mulheres, que acabam desestimulando a contratação do público feminino ou afetando seus salários.

O estudo também destaca a necessidade de combater a criminalidade, “uma importante causa de emigração em algumas partes da região, também deve estar na pauta”.

“Os países também podem aumentar a força de trabalho se oferecerem oportunidades de formação profissional, elevarem a idade de aposentadoria, eliminarem os desincentivos ao trabalho após a aposentadoria e adotarem políticas que facilitem a contratação de trabalhadores mais velhos”, apontam os autores.

No caso da variável demográfica se tornar menos favorável, o estudo recomenda que os governos da região passem a focar nos esforços para aumentar o crescimento da produtividade da mão de obra, “atacando a má governança e as rigorosas regulamentações comerciais (que restringe o crescimento das empresas e os respectivos ganhos de produtividade)”. “Isso contribuirá para a melhoria do padrão de vida, mesmo em meio a condições demográficas adversas”, diz o estudo.

Funcionário da indústria argentina — Foto: Facebook / Ministério da Produção e Trabalho da Argentina

Fonte: valor.globo.com

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