Após quase dez anos desde as primeiras discussões sobre o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), o debate sobre o sistema modal ferroviário estaria sendo retomado. A proposta de implantar o VLT é um projeto discutido pelo Estado de Goiás desde o ano de 2012. O modelo era defendido por Marconi Perillo (PSDB), mas nunca saiu do papel. Na época, o custo estimado da obra seria de, aproximadamente, R$ 1,3 bilhão. Agora, em 2022, a discussão parece estar de volta à tona. Contudo, ao que tudo indica, o Estado teria desistido do VLT e poderia adotar o Veículo Leve Sobre Pneus (VLP). A movimentação, neste momento, gira em torno da eletrificação da frota do Eixo Anhanguera.
A busca do melhor modelo a ser implantado na reformulação do eixo foi o que trouxe o debate do VLT de volta. A modernização do atual transporte público, ao que parece, está ligada ao processo de transferência da Metrobus para a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC). A transição, aprovada pela Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), permite que a Metrobus tenha transferência do capital societário transferido para a CMTC. Atualmente, o comando da empresa responsável pelo transporte do Eixo Anhanguera é do Governo do Estado, mas deverá passar por uma reestruturação.
Para Ronny Aliaga, especialista em análise de dados para planejamento e operação de transporte e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), eletrificar as rotas do Eixo Anhanguera, de fato, parece ser a melhor alternativa, uma vez que os custos operacionais do VLT são mais caros. “O Veículo Leve Sobre Trilhos é mais caro de construir, uma vez que é uma espécie de ferrovia, de trilho, o que acaba encarecendo a construção desse moldar. Porém, a maior vantagem do VLT é justamente a questão da energia, já que ele é elétrico e o ônibus articulado é a diesel. Apesar disso, os ônibus elétricos também seriam praticamente menos poluentes, como o VLT”, explica.
Outra possível discussão é a implantação do Veículo Leve Sobre Pneus, ao invés de um sistema ferroviário no processo de modernização do eixo. Isto porque este tipo de transporte conta com motorização elétrica guiada por um trilho central sob o pavimento, que dependeria apenas do uso de pneus. Também para o especialista e doutor em transportes, o VLP é uma tecnologia melhor que o VLT, já que se estaria aproveitando o pavimento já pronto da cidade de Goiânia, o que tornaria uma espécie de metrô sobre rodas, explica Ronny.
Histórico
Em 2012, o até então governador de Estado, Marconi Perillo, havia colocado como pauta de campanha a criação do VLT. Na época, o projeto chegou a ser aprovado na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Marconi também havia também proposto a instituição de um Grupo Executivo para gerir o projeto, com um Fundo Especial com valor equivalente a R$ 200 milhões. Naquela data, o projeto do VLT também havia recebido apoio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em 2015, discussões de Marconi haviam desistido do projeto. Isso porque o governo do Estado não teria condições de bancar financeiramente a construção do VLT — uma obra caríssima. A proposta inicial era construir uma linha Norte-Sul, com 15km de extensão. Ainda se discutia que dois quilômetros do trajeto seriam realizados de forma subterrânea. Além disso, 17 estações seriam construídas com duas de forma subterrânea.
Já em 2019, as discussões da implementação do sistema voltaram, porém, desta vez, pelo atual governador do Estado, Ronaldo Caiado (União Brasil). Na época, uma empresa chinesa, com atuação em mais de 50 países, Build Your Dreams (BYD), queria inserir o VLT em Goiás, mas também investir no Estado. Durante evento em São Paulo, a 25ª Edição da Intermodal South America 2019, Caiado chegou a conhecer a atuação da multinacional especialista em alta tecnologia de energia limpa.
Na gestão municipal, a discussão sobre a implementação do VLT também apareceu durante a administração do atual prefeito, Rogério Cruz (Republicanos). O gestor municipal pretende deixar como principal marca na capital a construção do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), no Eixo Anhanguera. Comenta-se que o VLT, mesmo sem ter sido construído, teria uma dívida de R$ 350 milhões.
Atualmente, para a implantação de sistemas como o VLT, ou até mesmo o VLP, uma análise de ônibus e sistema deve ser refeita. Isto acontece porque os estudos foram feitos anos atrás. Agora, em 2022, a dinâmica populacional da cidade seria diferente, também explica o especialista. “Hoje em dia, temos menos pessoas em ônibus por causa da pandemia e outras questões sociais. Um exemplo disso é o desemprego que manda as pessoas trabalharem mais em Uber e delivery, que faz com que pessoas não se locomovam tanto em transporte público.”