Vereadores de Goiânia destinaram mais de R$ 5,7 milhões em emendas para entidade investigada por fraudes

Por Milkylenne Cardoso
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Dez vereadores e ex-vereadores de Goiânia direcionaram, neste ano, um total de R$ 5.767.609,44 em emendas impositivas para a entidade União Mais Saúde, que está sob investigação da Polícia Civil de Goiás (PC-GO) na operação “Speedy Cash”. A operação apura supostas fraudes em um convênio de R$ 10 milhões, envolvendo aquisição de equipamentos e serviços relacionados à saúde.

Emendas parlamentares e nomes envolvidos

Segundo o relatório da Comissão de Emendas Parlamentares, os recursos foram destinados pelos vereadores Dr. Gian (MDB), Isaías Ribeiro (Republicanos), Kátia Maria (PT), Léia Klebia (Podemos), Cabo Senna (PRD), Leandro Sena (SD) e Izídio Alves (DC), além dos ex-vereadores Edgar Duarte (PDT) e Pastor Wilson (PRD), cassados no ano passado. Gabriela Rodart (SD), que perdeu o mandato por infidelidade partidária, teve sua emenda redestinada pela prefeitura.

Embora todas as emendas tenham sido pagas pela Prefeitura de Goiânia, a exceção foi a destinada por Rodart, que não chegou a ser executada.

Detalhes das investigações

A União Mais Saúde é acusada de irregularidades em um contrato voltado para serviços de saúde móvel, palestras e estudos especializados, como uma pesquisa sobre microbioma intestinal em pacientes com Doença de Crohn grave. O contrato, de R$ 10 milhões, foi firmado com a autorização do então secretário executivo de saúde de Goiânia, Quesede Ayres Henrique, que teria emitido uma nota de empenho em 25 de julho, mesmo diante de inconsistências.

Na operação, a Polícia Civil realizou cinco prisões e 17 mandados de busca e apreensão em locais ligados à associação, à empresa contratada e à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) em Goiânia e Anápolis. Entre os detidos estão Marcus Vinícius Lourenço, presidente da União Mais Saúde, e Wander de Almeida Lourenço Filho, procurador da entidade.

Participação de ex-gestores municipais

Além da investigação contra os integrantes da associação, o ex-secretário de Saúde, Wilson Pollara, e o ex-secretário executivo, Quesede Ayres Henrique, são apontados como responsáveis pelo convênio irregular e alvos de mandados de prisão.

Valores das emendas por parlamentar

O relatório detalha os valores das emendas impositivas destinadas por cada parlamentar ou ex-parlamentar:

  • Dr. Gian (MDB): R$ 700.000,00
  • Isaías Ribeiro (Republicanos): R$ 200.000,00
  • Léia Klebia (Podemos): R$ 479.203,15
  • Cabo Senna (PRD): R$ 1.100.000,00
  • Kátia Maria (PT): R$ 80.000,00
  • Leandro Sena (SD): R$ 1.050.000,00 (duas emendas)
  • Izídio Alves (DC): R$ 600.000,00
  • Edgar Duarte (PDT): R$ 1.100.000,00
  • Pastor Wilson (PRD): R$ 458.406,29
  • Gabriela Rodart (SD): redestinada

 

Repercussão e debate público

A revelação gerou debates na Câmara Municipal, onde alguns parlamentares classificaram as emendas como um possível “Cavalo de Troia”, aludindo ao fato de que os recursos poderiam mascarar intenções ou usos indevidos. A investigação está em andamento, e a prefeitura, junto aos vereadores, enfrenta questionamentos sobre o controle e a fiscalização do uso das emendas parlamentares.

A operação “Speedy Cash” continua apurando a amplitude do esquema, levantando dúvidas sobre o impacto das fraudes na prestação de serviços essenciais de saúde em Goiânia.

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