O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López,
criticou nesta quinta-feira (9) o envio de duas aeronaves americanas para
Georgetown, capital da Guiana, e seus arredores, o que descreveu como
“reiteradas provocações” do Comando Sul dos Estados Unidos.
“A Força Armada Nacional Bolivariana rechaça
contundentemente estas reiteradas provocações do Comando Sul, proporcionadas
pelo governo da Guiana, que assumiu o papel de uma nova colônia
norte-americana”, disse Padrino López em sua conta na rede social X.
A Venezuela alega ter soberania sobre Essequibo, uma região
de quase 160 mil quilômetros quadrados rica em petróleo e recursos naturais que
corresponde a 70% do território da Guiana.
Uma decisão internacional do final do século XIX determinou
que a área era do Reino Unido, de quem a Guiana obteve independência em 1966.
Neste ano, foi assinado um acordo para que a disputa fosse resolvida por uma
corte internacional, o que nunca aconteceu.
Em 13 de abril, o governo da Venezuela rechaçou
“energicamente” uma recente licença de produção de petróleo concedida pela
Guiana à empresa americana ExxonMobil em áreas marítimas que disse serem “não
delimitadas”, o que pode “comprometer os recursos” que Caracas considera seus.
O conflito atingiu o seu ponto mais complicado depois de a Venezuela ter realizado um referendo unilateral em 3 de dezembro do ano passado, no qual aprovou a anexação desse território, e o governo de Nicolás Maduro ordenou a instalação de uma divisão militar perto da área, entre outras medidas.
A Embaixada dos Estados Unidos na Guiana anunciou nesta
quinta-feira no X que a implantação seria realizada com “duas aeronaves da
Marinha dos EUA, F/A-18F Super Hornets, embarcadas no [porta-aviões] USS George
Washington” e “com a colaboração e aprovação” do governo da Guiana.
Da mesma forma, informou em seu site que a diretora de
Estratégia, Políticas e Planos do Comando Sul, Julie Nethercot, visitou a
Guiana de 6 a 8 de maio para supervisionar “o planejamento estratégico, o
desenvolvimento de políticas e a coordenação da cooperação em questões de
segurança para a América Latina e o Caribe”.
Padrino López advertiu que o Sistema Integral de Defesa
Aeroespacial “permanece ativado em caso de qualquer tentativa de violação do
espaço geográfico venezuelano”, incluindo o disputado território de Essequibo,
que, segundo o chavismo, é venezuelano.
Em 2018, a Guiana apresentou uma ação judicial contra a Venezuela perante a Corte Internacional de Justiça para resolver a disputa territorial entre os dois Estados sobre a região de Essequibo, razão pela qual se espera uma decisão nos próximos anos para solucionar esta controvérsia.