Vencedores do Prêmio LED, concedido a projetos que inspiram e incentivam iniciativas para a educação, compartilharam na tarde deste sábado (22) experiências e histórias com o público presente ao palco Comunidade LED do Festival LED, no Museu do Amanhã. O painel foi moderado pela pela jornalista e apresentadora do É de Casa Rita Batista.
Um dos vencedores foi Janiglécia Tavares Lopes, que venceu na categoria Educadores com o projeto “Cine Jericóllywood“, na Paraíba. O projeto utilizou técnicas audiovisuais para aproximar alunos das comunidades de Serra Branca ao universo do cinema e da TV. Ela contou que nunca havia ido ao cinena até janeiro de 2023, mas apostou no cinema nas salas de aula para motivar o aprendizado dos alunos.
Para colocar a iniciativa em marcha, ela recorreu a roupas caseiras como figurinos e materiais recicláveis para a montagem de cenários. Os próprios alunos escrevem os roteiros, que podem ser autorais, adaptações ou mesmo releituras de histórias, como o “Cinderela Nordestina”, sobre uma princesa que perdeu um chinelo de couro, que é encontrado por um príncipe.
Huanderson Barroso Lobo, que também venceu na categoria Educadores, destacou que a educação na Amazônia tem muitos desafios que demandam ajuda do poder público para superá-los, como escolas que não são adequadamente equipadas e currículos que não dialogam com realidade.
Lobo venceu o Prêmio LED com o projeto “Formação de professores na reserva de desenvolvimento sustentável de Uacari”. que promove a formação de professores em áreas rurais remotas do Amazonas, criando diálogo entre comunidades amazônicas com a floresta viva. Ele contou que sua mãe não estudou e para permitir que os filhos acessassem a escola, mudou-se para Manaus. E enfrentou críticas de colegas que não entenderam o objetivo do projeto.
Hiara Rebeca Cruz foi contemplada na categoria Estudantes com o projeto Boyebi, de Araras (SP), com foco nos impactos da cultura afrofuturista. Ela contou que o projeto nasceu em 2022 com mais cinco amigos e sua professora na instituição de ensino técnico onde estudava. Ela ingressou nesta escola como uma das primeiras alunas que recorreu ao sistema de cotas raciais, abrindo espaço no local. Uma escola técnica com “estudantes brancos e elitizados” tinha agora a preseça de pretos, pardos e indígenas.
Porém, afirmou, os estudantes sofreram racismo. Uma professora do curso, Rosa Maria, ajudou com o projeto, que incentiva a leitura de autores nacionais negros.
Edielson Miranda, conhecido como Mestre Roxinho e vencedor do Prêmio LED pelo voto popular, contou que seu projeto, o Instituto Cultural Bantu, nasceu para evitar que crianças e jovens não passassem pelas adversidades pelas quais sofreu em sua infância. Nascido na Ilha de Itamaracá, foi despejado com sua família quando tinha seis anos e acabou morando nas ruas. Começou a trabalhar ainda adolescente, era filho de pai alcóolatra e as adversidades retardaram o aprendizado.
Tornou-se profissional na serralheria, mas cursou a terceira série apenas quando adulto. Com a capoeira, afirmou, decidiu que criaria um espaço de segurança para garantir aos jovens e crianças de Itaparica o que ele não teve. “O Instituto Bantu é ecossistema social e de cosmovisão”, disse. Miranda ressaltou que o projeto começou com parcerias. “Tem provérbio africano segundo o qual diz: ‘Quer ir rápido? Vá sozinho. Quer ir longe? Vá em grupo’.”
Manu Bezerra, mestre em Educação, destacou que os vencedores tiveram preparação que incluiu relacionamento com a mídia e “branding” e destacou que os finalistas integram uma comunidade de aprendizagem. “Mesmo quem não virou vencedor foi incluído na jornada do aprendizado. Começa um rolê muito grande depois disso”, concluiu.
O Prêmio LED abriu as inscrições para a edição 2025, recebendo projetos até o dia 12 de agosto, para distribuir R$ 1,3 milhão para iniciativas nas categorias Educadores, Empreendedores/Organizações e Estudantes, além do voto popular.
A edição deste ano recebeu mais de 2 mil projetos a sete vencedores. Seis deles receberam R$ 200 mil cada e o escolhido pelo voto popular recebeu R$ 100 mil.
O Festival LED — Luz na Educação é uma realização da Globo e da Fundação Roberto Marinho em parceria com a plataforma Educação 360, da Editora Globo. O evento já está em sua terceira edição e tem como objetivo debater o futuro da educação e as formas de democratizá-la.