Os países da União Europeia (UE) adotaram formalmente nesta sexta-feira (03/06) uma proibição da maioria das importações de petróleo da Rússia, atingindo Moscou com suas sanções mais duras desde o início da guerra na Ucrânia, após semanas de disputas com a Hungria.
O pacote de sanções – o sexto aprovado pelo bloco de 27 países desde que as tropas russas invadiram o país vizinho em 24 de fevereiro – inclui proibir o maior banco da Rússia, o Sberbank, de usar a rede global de comunicações financeiras Swift.
A UE também decidiu banir a transmissão de três emissoras de televisão estatais russas – Rossiya RTR/RTR Planeta, Rossiya 24/Russia 24 e TV Centre International – e interrompeu a publicidade de empresas europeias nesses canais.
Serviços também foram incluídos no pacote de sanções, com as empresas da UE agora impedidas de oferecer serviços de contabilidade, relações públicas e consultoria, bem como serviços em nuvem para a Rússia.
Além disso, a suposta namorada do presidente russo, Vladimir Putin, a ex-ginasta Alina Kabaeva, foi adicionada a uma lista de sancionados com o congelamento de bens e a proibição de visto, que passou a incluir também militares russos suspeitos de crimes de guerra na cidade ucraniana de Bucha, palco de cenas sangrentas em meio à invasão russa.
O comandante russo Mikhail Mizintsev – apelidado de “açougueiro de Mariupol” por supervisionar o cerco brutal da cidade portuária – também está entre os sancionados.
Um nome que ficou de fora, no entanto, é o do chefe da Igreja Ortodoxa Russa, o patriarca Cirilo, depois que a Hungria exigiu que ele fosse retirado da lista. O clérigo de 75 anos é um fervoroso defensor de Putin, tendo apoiado a invasão da Ucrânia em seus sermões religiosos e culpado a Otan e o Ocidente pela guerra lançada por Moscou.
Petróleo, fonte de receita
“Com o pacote de hoje, estamos aumentando as limitações à capacidade do Kremlin de financiar a guerra, ao impor mais sanções econômicas. Estamos proibindo a importação de petróleo russo para a UE e, com isso, cortando uma enorme fonte de receita para a Rússia”, afirmou Josep Borrell, alto representante da União Europeia para Assuntos Estrangeiros e Política de Segurança.
Os líderes do bloco europeu chegaram finalmente a um acordo sobre o embargo ao petróleo russo na última segunda-feira, após semanas de resistência da Hungria. A decisão atinge a maior parte das exportações de petróleo da Rússia, mas cede à demanda do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, de que ainda seja possível receber petróleo russo por oleoduto.
As sanções europeias valem para os dois terços das exportações russas atualmente feitas por navio, e entrarão em vigor em seis meses para o petróleo bruto e oito meses para produtos refinados.
A Alemanha e a Polônia, por sua vez, se comprometeram a parar de receber entregas por oleoduto – o que significa que cerca de 90% das importações de petróleo russo pela UE devem ser interrompidas até o final do ano.
Em uma tentativa de impedir que a Hungria e outros países que ainda receberão petróleo russo por oleoduto lucrem com sua isenção, há uma proibição de revenda desses suprimentos.
O bloco também está tentando restringir a capacidade de Moscou de vender o petróleo fora da UE, ao proibir as instituições financeiras de segurar e financiar navios que o transportam para países terceiros.
A União Europeia importava mais de um quarto de seu petróleo da Rússia antes da guerra, e vem sendo acusada de não agir rápido o suficiente para impedir o fluxo de receita para a máquina de guerra de Moscou, após 100 dias de combates em território ucraniano.
Mas as dificuldades em chegar a um acordo sobre o embargo do petróleo sugerem que parece haver poucas perspectivas de que o bloco avance para vetar também as exportações russas de gás, que são fundamentais para impulsionar economias como a da Alemanha.
Fonte; DW Brasil.