Emoldurada em uma parede do meu escritório está uma cópia da minha primeira coluna de opinião, publicada pelo The Dallas Morning News em 11 de outubro de 1987. Até então, eu tinha sido um repórter e editor de agência de notícias em Washington, D.C., e, antes disso, um jornalista esportivo em Boston, mas nunca havia escrito um artigo opinativo.
Quando tive a chance oferecida pelo Morning News, abordei um assunto que havia despertado minha curiosidade: um senador de Delaware que estava concorrendo à presidência havia descaradamente roubado um discurso de um líder do Partido Trabalhista Galês no Reino Unido e, quando pego, pagou o preço ao desistir humilhantemente da corrida presidencial de 1988.
O político galês era Neil Kinnock, e eu, com 27 anos, usei simplesmente o alvoroço em torno do discurso plagiado como uma desculpa para elogiá-lo por ousar dizer aos trabalhistas que “o socialismo havia se tornado antiquado”, como eu coloquei. Os democratas deveriam estar roubando aquele discurso, escrevi.
O senador de Delaware era o presidente Joe Biden. Nos últimos 37 anos desde que minha coluna foi publicada, eu o observei mentir e mentir novamente, às vezes sobre coisas pequenas, outras vezes sobre coisas maiores, mas sempre com impunidade.
A mídia é tão culpada quanto Biden por sua desonestidade habitual porque, em vez de confrontá-lo, tem encoberto suas mentiras.
Mesmo nas raras ocasiões em que a mídia tradicional reconheceu que Biden é um fabulista, inventaram desculpas para ele. O New York Times, por exemplo, passou pano pra ele em 2022, afirmando que “o presidente Biden não conseguiu se livrar do hábito de embelezar narrativas para criar uma identidade política”.
Não é que ele esteja mentindo, veja. Biden apenas adorna a realidade.
Às vezes, as fabricações de Biden eram tão esquisitas que faziam você se perguntar se ele estava bem, mesmo antes de começar a mostrar sinais de senilidade. Um exemplo disso é a insistência de Biden em dizer que seu “Tio Bosie” foi comido por canibais em Papua Nova Guiné durante a Segunda Guerra Mundial. O Departamento de Defesa foi forçado a divulgar uma declaração de que Ambrose J. Finnegan foi considerado desaparecido quando seu avião caiu no Oceano Pacífico.
Biden também mentiu sobre se formar na metade superior de sua turma na faculdade de direito, ter sua casa “queimada com minha esposa dentro”, crescer na comunidade porto-riquenha e ter sido motorista de “um caminhão de 18 rodas”, para citar apenas um punhado de mentiras que revelam uma distância bizarra da realidade.
Ele também mente habitualmente sobre o ex-presidente Donald Trump ter deixado para trás uma taxa de inflação de 9%. A inflação era de 1,4% em janeiro de 2021.
Outras vezes, no entanto, a mendacidade de Biden revela um nível de pena que faz você querer desviar o olhar. Um caso em questão é quando ele disse às mães dos 13 soldados mortos no Afeganistão devido à sua retirada mal concebida em 2021 que ele podia sentir sua dor porque seu filho, Beau Biden, também havia morrido na guerra.
Não foi a primeira vez. Joe Biden tem um histórico de dizer que Beau Biden “perdeu a vida no Iraque”. Beau Biden morreu tragicamente aos 46 anos em 2015 de câncer no Centro Médico Militar Nacional Walter Reed em Bethesda, Maryland.
“Perdemos nosso filho também e o trouxemos para casa em um caixão coberto com a bandeira,” Biden disse à Cheryl Rex. Rex mais tarde reclamou: “Meu coração começou a bater mais rápido e comecei a tremer, sabendo que o filho deles morreu de câncer e eles puderam estar ao seu lado.”
O contexto era a insistência obstinada de Joe Biden na época de que ele não era culpado pela desastrosa retirada do Afeganistão. Ele estava usando de maneira insensível a tragédia de sua família para comprar simpatia. Como foi ressaltado por Bill McGurn no The Wall Street Journal: “O Sr. Biden não é um pai de um oficial morto na guerra e deveria parar de fingir ser um na TV.”
Este longo histórico de falsidade foi exibido no debate com Trump em 27 de junho, quando ele novamente mentiu sobre muitas coisas, incluindo não ter nenhuma morte militar durante seu mandato.
“Sou o único presidente deste século que não teve, nesta década, que não teve tropas morrendo em qualquer lugar do mundo,” disse Biden, ignorando os 13 mortos durante sua retirada do Afeganistão.
Biden também afirmou que Trump lhe deixou uma taxa de desemprego de 15%; que sua candidatura foi endossada pela Patrulha de Fronteira dos EUA; e que Trump disse às pessoas para injetarem-se com alvejante durante a pandemia de COVID-19. Todas essas coisas eram mentiras.
Incongruentemente, o pós-debate Joe Biden está fazendo da verdade sua bandeira contra sua exibição de degeneração cognitiva precipitada. Não, ele não debate tão bem quanto costumava, ele cuspiu com raiva em um comício, mas “eu sei o que eu sei. Eu sei como dizer a verdade.”
E a mídia está lá para ele, regurgitando os novos pontos de discussão da Casa Branca. Biden pode estar mentalmente incapacitado, mas ele é um contador de verdades, ao contrário de Trump, afirmam.
“O ex-presidente escapou com um turbilhão de mentiras,” escreveu um repórter sênior da CNN. Essa frase está ganhando menções no Google.
Tudo isso para dizer: Minha primeira coluna envelheceu bem.
Mike Gonzalez é membro sênior do Instituto Davis de Segurança Nacional e Política Externa da Heritage Foundation.
©2024 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: Joe Biden Has Always Been a Liar