O ministro do Gabinete de Guerra, Benny Gantz, renunciou neste domingo (9) ao governo de emergência do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Ao deixar o cargo, Gantz afirmou que Netanyahu está atrapalhando o caminho de Israel para uma “vitória real”.
“Netanyahu está nos impedindo de avançar em direção a uma vitória real. Por essa razão, deixamos o Governo de Emergência hoje, com o coração pesado, mas com todo o nosso coração”, disse o ex-general.
O pronunciamento deveria ter ocorrido no sábado (7), mas que foi adiado após o resgate de quatro reféns israelenses na Faixa de Gaza em uma operação que matou mais de 270 palestinos.
Esta saída tem um peso mais simbólico do que prático, já que a coalizão de Netanyahu mantém 64, dos 120 assentos no Parlamento israelense, o Knesset. No entanto, coloca mais pressão sobre o primeiro-ministro, já que Gantz é uma das figuras políticas mais valorizadas em Israel e inclusive lidera a maioria das pesquisas eleitorais.
Após o anúncio, Netanyahu reprovou a atitude de Gantz por entender que “é hora de unir forças” e não de abandonar o governo devido a discordâncias sobre a condução da guerra. “Israel está em uma guerra existencial em várias frentes. Benny [Gantz], este não é o momento de abandonar a campanha, este é o momento de unir forças”, disse Netanyahu na rede social X.
Além disso, o primeiro-ministro lembrou que as portas continuam abertas para “qualquer partido sionista” que queira colaborar para derrotar os “inimigos e garantir a segurança” dos cidadãos de Israel.
Saída de Gantz do governo era esperada
Há cerca de quinze dias, o ex-general havia fixado o dia 8 de junho como prazo final para que seu partido deixe o Gabinete de Guerra caso não chegue a um acordo sobre um “plano de ação abrangente” com seis metas: trazer os reféns de volta para casa, derrubar e desmilitarizar o Hamas em Gaza, estabelecer um governo alternativo no enclave, garantir o retorno dos residentes na fronteira norte e normalizar as relações.
O Poder Judaico, partido de extrema direita do ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, anunciou neste domingo (9) que votará novamente com a coalizão de Netanyahu no parlamento enquanto “não houver um acordo imprudente (de trégua) sobre a mesa” e se ofereceu para substituir Gantz como membro do Gabinete de Guerra.
Já o chefe da oposição israelense, Yair Lapid, considerou a decisão de Gantz “importante e correta” e reiterou a necessidade de criar um “governo sensato que levará ao retorno da segurança aos cidadãos de Israel, ao retorno dos sequestrados, à restauração da economia e à posição internacional de Israel”.
Gantz, que antes de 7 de outubro estava no campo da oposição, foi o único líder a aceitar o pedido de Netanyahu para formar um governo de unidade nacional e ganhou um assento no Gabinete de Guerra, mais reduzido e com direito a voto, que além de Netanyahu também inclui o ministro da Defesa, Yoav Gallant.