O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel
Albares, anunciou nesta quinta-feira (16) que a política do governo socialista
do país será rejeitar qualquer navio que transporte armas para Israel e que
queira fazer escala em um porto espanhol, e garantiu que o navio mercante
Marianne Danica, ao qual foi recusada a permissão para fazer escala, é o
primeiro a ser detectado cumprindo esses critérios.
“Esta é a primeira vez que fazemos isso, porque é a primeira
vez que detectamos um navio transportando uma carga de armas para Israel e
querendo fazer escala em um porto espanhol. A política é não conceder novas
licenças para a exportação de material bélico destinado a Israel, e a decisão
que tomamos de rejeitar essa escala é coerente e segue a mesma linha”, disse
Albares em Bruxelas.
O ministro espanhol, que estava na capital belga para a
negociação do acordo sobre o status de Gibraltar após o Brexit, enfatizou que a
Espanha não vai “participar de forma alguma na manutenção e promoção dessa
guerra”, em referência ao conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas na
Faixa de Gaza.
“A Espanha vai participar de todos os esforços para garantir
que a paz retorne definitivamente, para que o cessar-fogo imediato e permanente
que toda a população civil de Gaza precisa seja implementado”, acrescentou.
A Espanha recusou a permissão para que o navio mercante
Marianne Danica, de bandeira dinamarquesa, que partiu de Chennai, na Índia, e
está transportando armas destinadas a Israel, fizesse escala no porto.
Este é um navio diferente do cargueiro Borkum, que está
autorizado a atracar no porto mediterrâneo espanhol de Cartagena (leste) e cujo
destino não é Israel, mas a República Tcheca, de acordo com o governo. Israel
ainda não se pronunciou sobre a decisão espanhola.
Em novembro, o Ministério das Relações Exteriores de Israel chamou de volta ao país a embaixadora na Espanha, Rodica Radian-Gordon, depois que o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, disse ter “sérias dúvidas” de que a ofensiva de Israel contra o Hamas obedeça às leis humanitárias internacionais.
Dias antes, a Espanha havia convocado a embaixadora para manifestar insatisfação, após Israel alegar que as declarações de Sánchez seriam uma forma de “apoio ao terrorismo”. Em janeiro, Radian-Gordon retornou à Espanha.
Este mês, foi noticiado que a Espanha, Irlanda e outros estados-membros
da União Europeia cogitam reconhecer a Palestina como um Estado na próxima
terça-feira (21).
Na semana passada, a Espanha foi um dos 143 países que votaram a favor de uma resolução na Assembleia Geral da ONU para pedir que a Palestina seja reconhecida como um membro pleno da organização.
A medida foi aprovada, mas não representa uma adesão plena dos palestinos à ONU, medida que teria que ser sancionada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. (Com Agência EFE)