Entenda o que acontece com o Corinthians (fora do campo) | Empresas

Por Milkylenne Cardoso
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O patrocinador Master do Corinthians, a Vai de Bet, encerrou seu contrato com o clube na última sexta-feira (07). O acordo, que tinha validade até o final de 2026 no valor total de R$ 370 milhões, foi rompido em razão do descumprimento de uma cláusula anticorrupção.

O rompimento contratual entre o Corinthians e a casa de apostas é mais um empecilho para o time na regularização de suas contas.

Hoje, caso seja considerada a dívida do clube com a Caixa Econômica Federal relativo ao financiamento da Neo Química Arena, o Timão pode ser considerado o clube mais endividado do país — com débito de cerca de R$ 1,6 bilhão, de acordo com um levantamento da Sports Value.

Vale destacar que o Corinthians não inclui a dívida do estádio em seus balanços patrimoniais. Caso o Timão não conte com essa pendência, o clube ainda terá um dos maiores débitos do país, mas o primeiro lugar ficaria com o Atlético Mineiro.

Cláusula anticorrupção

O acordo entre o clube e a casa de apostas foi encerrado após a denúncia de que o Corinthians teria descumprido cláusulas contratuais anticorrupção no acordo entre as partes.

O caso em questão foi denunciado pelo “Blog do Juca Kfouri“. De acordo com a reportagem, a empresa Rede Social Media Design que teria intermediado o contrato de patrocínio entre o Corinthians e a Vai de Bet supostamente repassou parte do valor recebido em comissão a uma empresa “laranja”, chamada Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda.

A empresa estaria em nome de Edna Oliveira dos Santos, mulher residente de Peruíbe, litoral sul de São Paulo, que sequer sabia da existência da companhia.

A Vai de Bet teria entendido que houve descumprimento das regras anticorrupção, a partir da denúncia de suspeita de pagamento de comissão a um laranja pela empresa que intermediou o acordo.

O acordo ainda previa o pagamento de uma multa de 10% do valor total restante do contrato — pouco mais de R$ 30 milhões. O “GE” também informou que a Vai de Bet não pretende cobrar qualquer multa do Corinthians pela rescisão contratual.

O Valor procurou o Corinthians, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

Endividamento do Corinthians

O Corinthians apresenta uma dívida de R$ 1,6 bilhão, caso seja incluído o débito com a Caixa Econômica Federal relativo ao financiamento da Neo Química Arena — estádio construído para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil.

De 2013 até 2023, o endividamento do clube registrou um aumento de 824,74%.

Ao final de 2013, o clube paulista, recém campeão do Mundial de Clubes e da Libertadores, registrava um endividamento de R$ 194 milhões. Em 2014, esses valores praticamente duplicaram, subindo para R$ 396 milhões, e eles sequer incluíam o financiamento do estádio.

Os maiores “pulos” da dívida do Corinthians aconteceram sob o segundo mandato da presidência de Andrés Sanchez, entre 2018 e 2020. De acordo com o “GE”, o clube devia R$ 469 milhões em 2018, enquanto em 2019 esse valor foi para R$ 665 milhões e, em 2020, o endividamento chegou a R$ 982 milhões (os valores não contam com a dívida do estádio).

A dívida do Corinthians com a Caixa

Em 2013, o Corinthians fechou o financiamento com a Caixa no valor de R$ 400 milhões para a construção do Itaquerão, chamada hoje de Neo Química Arena. Atualmente, o débito do clube com a Caixa pelo financiamento do estádio é de cerca de R$ 706 milhões, um aumento de 76,5% ao longo dos últimos 11 anos.

Contudo, em 2016, o Corinthians suspendeu o pagamento das parcelas do financiamento da Neo Química Arena obtido com a Caixa. Esse problema foi resolvido temporariamente, mas, em 2019, alegando atraso em seis prestações, o banco moveu uma ação contra o clube na Justiça.

Com o caso pendendo resolução judicial, o Corinthians suspendeu novamente os pagamentos e passou a trabalhar por um novo acordo.

Em fevereiro deste ano, a Caixa recusou a oferta do Corinthians. O clube propunha pagar pouco mais de R$ 531 milhões para zerar os débitos do estádio, oferecendo R$ 356 milhões do acordo com a Hypera Pharma pelo naming rights do estádio e R$ 175 milhões pela compra de dívidas que o banco teria que pagar a terceiros no longo prazo.

O Corinthians está pagando parte dos juros devidos à Caixa desde 2023. A partir de 2025, o clube diz que começará a amortizar o valor principal da dívida, que deverá ser quitada até 2041.

*Estagiário sob a supervisão de Diogo Max

Fonte: valor.globo.com

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