A Veredas Gestão Cultural conseguiu incentivo de R$ 3 milhões da Petrobras – via Lei Rouanet – para a realização do Festival Cultura e Direitos. Um dos eventos previstos no festival foi o show de 1º de maio no Estádio do Corinthians, no qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez pré-campanha para o candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (Psol). Por essa razão, a Justiça Eleitoral suspendeu a veiculação dos vídeos do evento.
A produtora cultural está registrada em nome de Cláudio Jorge da Silva Soares e Ângela da Silva Leonício. Soares já trabalhou como assessor do deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) e entre 2000 e 2004 foi dirigente partidário do PT no Rio de Janeiro. De 2015 a 2016, ele também foi assessor de Adilson Nogueira Pires (PT), vice-prefeito de Eduardo Paes (MDB) no Rio de Janeiro.
Segundo apuração do jornal Folha de S. Paulo, Soares e Angela são filiados ao PT. O sócio da produtora afirmou ao jornal paulista que a filiação ao PT não facilita seu trabalho como empresário. “Tenho mais facilidade em me relacionar com os governos de outros partidos do que com o PT”, disse ele. Ele ainda afirmou que a filiação ao partido é uma “opção ideológica, não um trampolim profissional”.
CUT organizou participação de Lula no evento
Durante o “Ato unificado pelo Dia do Trabalhador e da Trabalhadora”, como o Festival foi anunciado, Lula subiu ao palco, discursou por 20 minutos e pediu votos para Boulos. Essa última ação do presidente configurou campanha eleitoral antecipada e levou a Justiça Eleitoral a determinar a retirada dos vídeos retratando o evento das redes sociais do governo e do PT.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) foi a responsável por articular a participação de Lula. Partiu de Soares a ideia de convidar a CUT para participar do evento. O empresário afirmou que seria impossível fazer um evento destinado aos trabalhadores sem contar com as Centrais Sindicais. “Fiz questão de convidar todas as centrais sem fazer qualquer tipo de distinção partidária ou ideológica”, disse.
Apesar de ser caracterizado como um festival cultural, a presença de Lula deu conotação oficial ao evento – o presidente assinou a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 2.824 durante o Festival.
Conforme a Gazeta do Povo apurou, por fazerem pré-campanha em um evento financiado com recursos públicos, Lula e Boulos podem ser investigados e condenados por abuso de poder econômico e abuso de poder político, e ainda uso indevido dos meios de comunicação social.
Festival cultural do 1º de Maio custará R$ 3 milhões aos cofres públicos
Até o momento, conforme dados da Petrobras e do Ministério da Cultura, a Veredas Gestão Cultural já recebeu R$ 1,2 milhão. A estatal selecionou o Festival por meio de edital do seu Programa Petrobras Cultural, na categoria Festivais e Festas Populares. Ao todo, o contrato prevê R$ 3 milhões em incentivo. A Petrobrás informou que ainda fará o repasse de R$ 1,8 milhão que falta para completar o valor total solicitado para realizar o evento.
De acordo com o proposta apresentada pela Veredas ao Ministério da Cultura, o Festival Cultura e Direitos é um evento de música regional para celebrar o Dia do Trabalhador em 20 cidades paulistas. A empresa não descreveu a participação de Centrais Sindicais, como ocorreu no show em São Paulo, e tampouco de políticos, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O “Ato unificado pelo Dia do Trabalhador e da Trabalhadora” teve apresentação do ator Sérgio Loroza e MC Pamelloza e contou com shows dos rappers Dexter, Afro X e Roger Deff, além dos pagodeiros Ivo Meirelles, Arlindinho e Almirzinho.