Dólar fecha a R$ 4,84, menor valor em dois anos; Ibovespa em alta

Por Milkylenne Cardoso
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O dólar encerrou em queda de 1,44%, cotado a R$ 4,844 nesta quarta-feira (23), o menor valor para encerramento desde 13 de março de 2020 (R$ 4,812), numa sessão em que a moeda brasileira liderou os ganhos entre seus pares globais.

A moeda norte-americana manteve a tendência iniciada em 2022 em relação ao real de desvalorização. Muito por conta de um fluxo favorável de investimentos baseado nos juros altos do Brasil, ativos descontados na bolsa de valores e a busca por mercados ligados a commodities, cujos preços estão em alta

Apesar do dia negativo para as bolsas no exterior, o Ibovespa subiu 0,16%, aos 117.457,34 pontos, novamente alcançando as máximas, no maior patamar desde 6 de setembro de 2021, quando bateu 17.869 pontos.

O principal índice da B3 foi puxado para cima também pelas ações ligadas a commodities, que acompanham a alta nos preços dos produtos.

Veja os principais destaques do pregão desta quarta-feira:

Maiores altas

  • Soma (SOMA3) +7,15%;
  • Lojas Renner (LREN3) +5,63%;
  • CVC (CVCB3) +4,52%;
  • MRV (MRVE3) +3,41%;
  • Magazine Luiza (MGLU3) +3,27%

Maiores baixas

  • Fleury (FLRY3) -4,20%,
  • BRF (BRFS3) -3,83%,
  • Copel (CPLE6) -3,44%,
  • Minerva (BEEF3) -3,26%,
  • Suzano (SUZB3) -2,38%

Na terça-feira (22), o dólar recuou 0,57%, e terminou o dia em R$ 4,915, menor cotação desde 24 de junho de 2021. Já o Ibovespa subiu 0,96%, aos 117.272,44 pontos. Veja o desempenho do índice nos últimos dias:

Petróleo

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia no dia 24 de fevereiro, os mercados de petróleo mostram a maior volatilidade em dois anos, com os preços da commodity chegando a bater níveis vistos pela última vez em 2008.

Nos últimos dias, o preço dos produtos petrolíferos aumentou 5% para mais de US$ 121 por barril, devido à interligação das exportações russas e o possível custo do Caspian Pipeline Consortium (CPC), caminho para transportar petróleo do Mar Cáspio até o Terminal Marítimo Novorossiysk-2, na costa russa do Mar Negro

Além da escassez de oferta, as exportações de petróleo do CPC podem cair cerca de 1 milhão de barris por dia (bpd) enquanto repara dois dos três pontos de atracação danificados por uma tempestade na seção russa do Mar Negro, disse a agência de notícias RIA citando o Ministério de Energia da Rússia.

Sobre as sanções, os ministros das Relações Exteriores da UE ficaram divididos quanto à proibição, já que alguns países, incluindo a Alemanha, dizem que o bloco é muito dependente dos combustíveis fósseis da Rússia para resistir a tal medida.

“Está bem claro que a economia alemã terá dificuldades, então a UE está se afastando de uma proibição russa”, disse John Kilduff, sócio da Again LLC em Nova York.

Dessa forma, nesta quarta-feira, o petróleo nos EUA fechou a US$ 114,93, com alta de 5,18%.

Historicamente, se comparado com anos anteriores, o petróleo segue em valores elevados, devido ao descompasso entre oferta e demanda da commodity, com os principais produtores, reunidos na Opep+, ainda não retomando os níveis de produção pré-pandemia. O quadro foi intensificado com as tensões na Europa.

Outra consequência da alta do petróleo é a elevação do preço dos combustíveis. No Brasil, isso acelerou a aprovação de projetos de lei que buscam conter a alta nos preços dos combustíveis.

Commodities

A disparada nas commodities favorece o mercado brasileiro, em um jogo de pressões positivas e negativas que ainda beneficia o real até o momento.

O ciclo está ligado, em parte, à alta nos preços do petróleo e do minério de ferro devido à elevada demanda em meio à retomada econômica. A alta de juros nos Estados Unidos também alimentou essa migração, com a saída da renda variável norte-americana.

O preço do minério de ferro, por exemplo, teve leve alta em Dalian e os contratos de vergalhão de aço subiram em Xangai, após a cidade de Tangshan implementar um lockdown temporário, elevando temores com oferta.

Já os contratos futuros de soja da Bolsa de Chicago subiram 1,3%, atingindo sua máxima em quase um mês, com expectativas de que a demanda por suprimentos dos EUA continuará forte devido ao déficit de colheita na América do Sul, disseram traders.

  • A soja para maio fechou em alta de 22,25 centavos, a US$ 17,18 o bushel. Os preços tocaram pico de US$ 17,36, a máxima para o contrato desde 24 de fevereiro;
  • O milho para maio encerrou com avanço de 4,75 centavos de dólar a US$  7,57 o bushel, após tocar a máxima desde 7 de março;
  • O trigo para maio fechou em queda de US$  12,50 para US$ 11,05 o bushel.

Declarações de autoridades

O foco do mercado nesta quarta-feira também esteve em diversas declarações de autoridades de bancos centrais, em meio à agenda de dados econômicos mais esvaziada.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou em seminário do Tribunal de Contas da União que o mundo terá um período de menos crescimento e mais inflação após a guerra da Ucrânia.

Já o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, falou mais cedo em painel do Banco de Compensações Internacionais (BIS), mas as afirmações giraram em torno de moedas digitais. James Bullard e Mary Daly, ambos do Fed, também darão declarações durante o dia.

Além disso, investidores estão atentos à viagem do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à Europa nesta quarta-feira para uma cúpula de emergência da Otan sobre a guerra na Ucrânia.

Fonte: Economia.com

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