A direita nacionalista liderada por Geert Wilders teve grande impacto entre os eleitores da Holanda e deve conquistar sete dos 31 assentos do país no Parlamento Europeu, de acordo com as pesquisas de boca de urna sobre as eleições desta quinta-feira (6), que também apontam a continuidade do bloco de esquerda formado por Verdes e Social-Democratas (GL-PvdA) com oito assentos.
Wilders, que também venceu as eleições parlamentares holandesas em novembro do ano passado com seu Partido da Liberdade (PVV), comemorou a a conquista em uma primeira declaração.
“Estou muito feliz. Nunca tivemos sete assentos. Somos, de longe, o maior vencedor. Espero que no domingo nos tornemos o maior partido (da Holanda)”, disse.
Wilders, que fez promessas de “uma política de asilo muito mais rígida e rigorosa”, continua esperançoso de que o PVV conseguirá ter mais do que essas sete cadeiras na apuração oficial e será o grande vencedor das eleições, e por isso parabenizou cautelosamente Frans Timmermans, ex-vice-presidente da Comissão Europeia e líder do bloco GL-PvdA.
Caso se confirmem na apuração, os oito assentos representam para a chapa de esquerda a perda de um em relação à eleição anterior, de 2019.
“Com isso, agora podemos começar a trabalhar”, disse Timmermans, prometendo uma Europa “unida” e “mais segura”.
Esses dados são provenientes de uma pesquisa de boca de urna realizada nesta quinta-feira pelo instituto Ipsos, cuja margem de erro é de um assento por partido.
O Partido Popular pela Liberdade e Democracia (VVD), ao qual pertence o liberal Mark Rutte, ficaria com quatro cadeiras, seguido pelo democrata-cristão CDA e pelo liberal de esquerda D66, com três cadeiras cada.
Ainda segundo a boca de urna, o movimento de cidadãos agricultores BBB – forte crítico das regulamentações europeias para o setor agropecuário – entraria no Parlamento Europeu pela primeira vez, conseguindo dois assentos, e outras quatro legendas ocupariam um assento cada: o pró-europeu Volt, o democrata-cristão NSC, o calvinista SGP e o Partido dos Animais (PvdD).
“Estou muito feliz. Talvez consigamos mais uma cadeira, vamos ver. O eleitor se manifestou. E eu também quero representar os eleitores de outros partidos em Bruxelas, dar-lhes voz e trabalhar com eles”, disse Sander Smit, líder da chapa dos agricultores, depois de conhecer os números.
Enquanto a direita de Wilders está avançando, o Fórum para a Democracia (FvD), de Thierry Baudet, também de direita, pode ser apontado como o grande perdedor nessas eleições, perdendo seus quatro assentos e ficando sem representação no Parlamento Europeu.
Na Holanda, a participação dos eleitores nas eleições europeias é tradicionalmente menor do que nas eleições nacionais, mas quase 47% das pessoas aptas a votar o fizeram, seis pontos percentuais a mais do que em 2019 e a proporção mais alta desde 1989.
Uma pesquisa realizada nesta semana também pelo Ipsos constatou que 62% dos holandeses seriam guiados inteiramente ou em grande parte na eleição europeia pela política nacional, dado o foco da mídia nos esforços de três partidos de direita, liderados por Wilders, para formar um novo governo no país.
Isso significa que o tema da imigração pesou para muitos eleitores, como Wilders apontou.
“Na Holanda, a questão número um agora, e também já tinha sido a questão número um em novembro, é como podemos ter uma política de asilo e imigração mais rígida. E minha mensagem é: podemos fazer muito por conta própria, mas também teremos que tomar de volta parte do poder da União Europeia. E é por isso que esta votação é tão importante”, disse ele após votar, de manhã.
Wilders advertiu que uma vitória de Timmermans traria “mais regras europeias, menos soberania nacional, mais asilo e imigração e menos chance de fazer algo a respeito”, mas que, se a direita representada no Parlamento Europeu crescer, “há uma chance maior de mudar isso”.
Holanda e Estônia deram início nesta quinta-feira às eleições para o Parlamento Europeu, que continuarão em outros países nos próximos três dias. Os resultados oficiais só serão divulgados no domingo (9) (às 18h de Brasília), após o fechamento da última seção eleitoral na Itália.
Socialistas devem ter vitória apertada em Portugal
O Partido Socialista (PS) de Portugal deverá vencer por uma pequena margem a coalizão de centro-direita Aliança Democrática (AD) do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, nas eleições europeias, de acordo com uma pesquisa publicada nesta quinta-feira pelo jornal Público, pelo canal RTP e pela rádio Antena 1.
De acordo com o levantamento, realizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas de Opinião da Universidade Católica, a três dias de os portugueses irem às urnas para eleger os 21 membros do Parlamento Europeu, tudo está em aberto com um possível empate técnico entre o PS, liderado por Marta Temido, e a AD, encabeçada por Sebastião Bugalho.
A pesquisa, realizada durante a primeira semana de campanha entre 27 de maio e 3 de junho, mostra que o PS vencerá com 33% dos votos, seguido pela AD com 31%, o que está dentro da faixa para ser considerado um empate técnico.
Com esses resultados, os socialistas portugueses podem aspirar a ter entre sete ou nove deputados (sendo nove o mesmo número que têm hoje), enquanto a AD teria entre seis ou oito deputados, neste último caso um a mais do que a soma dos dois partidos que compõem a coalizão obtida em 2019.
Quanto aos partidos minoritários, nem a coalizão do Partido Comunista e dos Verdes, CDU, nem o Bloco de Esquerda, nem o ambientalista Livre, nem o defensor dos animais e da natureza PAN ganhariam nenhum deputado, enquanto o Chega, de direita, receberia 12% dos votos, o que pode resultar entre dois ou quatro assentos.
Dessa forma, o Bloco de Esquerda e os comunistas perderiam os dois deputados que possuem atualmente, respectivamente, enquanto o PAN perderia seu deputado.
Por sua vez, o Chega entraria no Parlamento Europeu pela primeira vez, já que nas eleições de 2019, a aliança com a qual concorreu, BASTA! obteve apenas 1,49% dos votos.
Outro partido que chegaria ao Parlamento Europeu pela primeira vez é a Iniciativa Liberal (IL), com um ou dois eurodeputados.
Esse estudo foi realizado com 1.552 entrevistas válidas e 45% das pessoas consultadas eram mulheres. A margem de erro é de 2,5% com um nível de confiança de 95%.