As autoridades do Afeganistão confirmaram nesta sexta-feira (17)
o envenenamento de 64 alunas e 15 professoras em uma escola da região central
do país, vítimas de uma substância não identificada, sendo levadas para o
hospital, onde três delas permanecem em estado grave.
O envenenamento das mulheres ocorreu ontem em uma escola no
distrito de Kiti, na província de Daikondi, segundo confirmou à Agência EFE o
diretor provincial de informação e cultura do governo talibã, Mustafa Saleh, em
um momento em que a educação secundária e universitária para mulheres é
proibida no Afeganistão.
Todas elas foram imediatamente hospitalizadas e, embora o
estado de saúde da maioria das meninas “seja bom”, de acordo com o funcionário,
“três delas estão em estado crítico”.
Ele alegou que ainda não foi possível identificar o material
com o qual elas foram envenenadas, nem os autores e seus motivos.
O Afeganistão sofreu um episódio semelhante em junho de
2023, quando ao menos 82 meninas foram envenenadas em duas escolas no norte do
país, juntamente com oito professores e dois zeladores.
As mulheres afegãs sofreram um grave retrocesso em seus
direitos desde que o Talibã voltou ao poder, em agosto de 2021.
Desde então, os fundamentalistas vetaram a educação
secundária e universitária feminina e obrigaram as mulheres a usar coberturas
faciais e a sair às ruas sempre acompanhadas por um membro masculino da
família.
Essa regressão de direitos lembra cada vez mais a postura adotada pelo Talibã durante seu regime anterior, entre 1996 e 2001, quando, com base em uma interpretação rígida do Islã e em seu rigoroso código social conhecido como pashtunwali, proibiu as mulheres de frequentar a escola e as confinou ao lar.