A ditadura da Nicarágua nomeou uma nova embaixadora para a
Alemanha, porém, ela irá acumular o mesmo cargo para a Áustria e ficará baseada
em Viena – dessa forma, a representação diplomática em Berlim será fechada.
A nomeação de Sabra Amari Murillo Centeno foi publicada no Diário Oficial da Nicarágua na terça-feira (9) e ocorre num momento em que o regime de Daniel Ortega processa a Alemanha na Corte Internacional de Justiça (CIJ) pela acusação de “facilitar o cometimento do genocídio” contra os palestinos na Faixa de Gaza por meio de exportações de armas para Israel.
“Na diplomacia, isto [fechar a embaixada] é entendido como
um gesto hostil, porque implica reduzir a importância de um país em nome de
outro. Tecnicamente, significa o encerramento da embaixada, porque implica que
não existe embaixada-sede no país”, disse Carlos Cascante, analista político e
professor da Escola de Relações Internacionais da Universidade Nacional da
Costa Rica, em entrevista ao jornal Confidencial.
“Todos os processos [entre os dois países] tendem a ficar
mais lentos, não há tantos projetos, então a relação cai muito”, acrescentou.
Murillo Centeno substituirá Tatiana Daniela García Silva,
que estava baseada em Berlim desde 2019 acumulando a representação da Nicarágua
na Eslováquia e em Luxemburgo.
Na terça-feira, a Alemanha apresentou sua defesa diante da
CIJ e disse que o processo da Nicarágua é “na melhor das hipóteses, impreciso;
e, na pior, é uma deturpação deliberada da situação real”, segundo argumentação
apresentada pelo advogado Christian Tams.
Segundo informações da DW, Tams afirmou que os “laços estreitos” entre a Alemanha e Israel são “baseados num quadro jurídico robusto que avalia os pedidos de licenças de exportação caso a caso e que garante o cumprimento da legislação nacional e das obrigações internacionais da Alemanha”.