Como a creatina pode “potencializar” o cérebro e ajudar no trabalho | Carreira

Segundo Maraisa Cavalcante, nutricionista, a substância já é produzida pelo nosso corpo em uma quantidade próxima de 1g (um grama) por dia. Porém, a quantidade diária mínima que o corpo precisa para manter seu pleno funcionamento varia de 1g a 3g. “O restante da creatina utilizada pelo corpo teria que ser obtido com o consumo dos alimentos-fontes: carnes, frango e peixes. Porém se você não tem o consumo em quantidades suficientes, por exemplo, meio quilo de carne bovina pode conter em torno de 2g de creatina – que é uma quantidade elevada – acaba sendo interessante suplementar”, relata Cavalcante.

Porém, o uso de suplementação deve ter recomendação médica de um endocrinologista ou nutricionista. De acordo com Mário Coutinho, endocrinologista, a prescrição se faz necessária para avaliar a dosagem adequada para cada caso e possíveis contraindicações. “Hoje em dia está se usando demais e de todo jeito. Uma avaliação, antes do uso, pode fazer a diferença”, explica o endocrinologista.

De acordo com os especialistas, alguns estudos já comprovaram os benefícios da creatina para não-atletas, principalmente em relação à função cerebral, saúde óssea e qualidade de vida, mas, segundo o endocrinologista, as pesquisas ainda precisam de uma amostragem que inclui uma parcela maior da população.

Em sua maioria, os estudos tratam sobre a creatina com foco no aumento da força muscular e de massa magra, sendo benéfica em exercícios de alta intensidade ou para treinamentos de resistência, explica Cavalcante. “Este público certamente é o mais beneficiado com a utilização da creatina, mas também existe outro grupo de pessoas que também pode aproveitar os benefícios”, diz a nutricionista.

O outro grupo seria o de pessoas adultas saudáveis, que podem ter melhora no funcionamento cerebral, já que “diante de uma intensa ativação da atividade cerebral, os níveis de fosfocreatina podem cair intensamente”, explica Cavalcante. As pessoas saudáveis, segundo ela, seriam as que possuem bons hábitos alimentares e de estilo de vida já que, de acordo com ela, “a creatina sem estar aliada a uma alimentação saudável não trará nenhum benefício a sua saúde”. Além disso, o uso do suplemento não precisa obrigatoriamente estar atrelado a prática de atividades físicas, mas a combinação otimiza seus benefícios, explica Coutinho.

“Devido ao seu papel fundamental no equilíbrio de energia, a suplementação com creatina pode melhorar a performance cerebral e atuar como neuroprotetora, uma vez que diminui a demanda cerebral por oxigênio e reduz a fadiga mental. Alguns estudos apontam que a creatina seja uma das principais candidatas na pesquisa sobre a prevenção e o tratamento da doença de Alzheimer e outras doenças inflamatórias”, diz Cavalcante.

Quem pode tomar creatina?

• Pessoas que já possuem hábitos saudáveis
• Não possuem problemas de saúde
• Receberam autorização de um profissional de saúde adequado

Nesse sentido, a suplementação com creatina pode beneficiar pessoas no trabalho, auxiliando na geração de energia para o corpo, segundo Cavalcante. Ela cita que alguns estudos apontam que o consumo de creatina resulta em melhoras significantes nos testes de inteligência e no desempenho da memória de trabalho. Isso porque, além de o cérebro usar a molécula para a energia, a substância apresenta efeitos anti-inflamatórios fortes.

E como a creatina age? A nutricionista explica que o nosso corpo sabe que precisamos estocar a energia para realizar as atividades e que a maior quantidade de creatina produzida naturalmente ou ingerida é armazenada nos músculos, mas o cérebro também é um órgão que recebe essa reserva, além de outros órgãos.Com isso, o músculo permanece com a energia “lá em cima” e consegue trabalhar mais e melhor. “Por isso, quando aumentamos a disponibilidade de creatina, estamos ampliando a reserva energética prontamente disponível no nosso corpo, o que favorece para ter um melhor rendimento e dar mais força”, explica a nutricionista.

Benefícios da creatina no desempenho profissional

Segundo os especialistas, a creatina pode beneficiar o desempenho profissional em diversas áreas, como:

• Profissionais que exigem concentração mental: Estudantes, professores, programadores e outros profissionais que demandam alto nível de concentração podem se beneficiar da creatina para ter mais foco e produtividade.
• Profissionais com alto nível de estresse: A creatina pode ajudar a reduzir o estresse e a fadiga mental, melhorando o bem-estar e a qualidade de vida em ambientes de trabalho exigentes.
• Profissionais que exigem esforço físico: Trabalhadores manuais, como pedreiros, carregadores e profissionais da saúde, podem ter mais força e resistência com a suplementação.

Para trabalhadores idosos – E com uma maior diversidade geracional nas empresas, a suplementação também pode ser aproveitada por profissionais mais velhos. Os estudos também demonstraram que os idosos também podem ter proveito com a substância, já que, com o envelhecimento e a redução da atividade física, a creatina muscular tende a diminuir, e isso reduz a massa muscular, densidade óssea e resistência física. Segundo Cavalcante, há evidências de que a creatina é uma aliada na prevenção de sarcopenia, síndrome caracterizada pela perda de massa muscular e de força, com potencial para reverter essas alterações e, posteriormente, melhorar as atividades da vida diária.

Trabalhadores com fibromialgia – Em caso de pessoas com a doença crônica, a creatina ajuda a combater a perda de massa magra, que é comum entre esses pacientes. “Isso porque este mal está ligado às baixas concentrações de energia nas células, e estas substâncias têm ação comprovada na produção e regeneração desta energia. Como resultado, as pesquisas apontam para um aumento na força muscular desses pacientes, sem registro de efeitos colaterais”, explica a nutricionista.

Confira benefícios da creatina que podem ajudar no trabalho, de acordo com especialistas:

• Memória e cognição: A creatina aumenta a produção de energia no cérebro, otimizando funções como memória, aprendizado e atenção. Estudos demonstram melhora na memória de curto prazo, fluência verbal e raciocínio em indivíduos não-atletas.
• Doenças neurodegenerativas: Pesquisas sugerem que a creatina pode proteger contra doenças como Alzheimer e Parkinson, combatendo o declínio cognitivo e a perda neuronal, mas ainda faltam estudos maiores.
• Saúde óssea: A creatina contribui para a formação óssea e previne a osteoporose, especialmente em mulheres na menopausa e em idosos. Além disso, estudos demonstram que a suplementação com creatina diminui o risco de fraturas em indivíduos com osteoporose.
• Melhora na função muscular: A substância aumenta a força e a resistência muscular, facilitando atividades cotidianas como subir escadas, carregar peso e praticar hobbies.
• Redução da fadiga: Ajuda a reduzir a fadiga mental e física, proporcionando mais disposição e energia para o dia a dia.
• Imunidade: Estudos sugerem que a creatina pode ter efeitos positivos no sistema imunológico, mas, segundo Coutinho, ainda são necessárias mais pesquisas para confirmar seus benefícios.

Para que a creatina seja uma aliada, também é preciso saber escolher o produto. Segundo Cavalcante, no momento da escolha é preciso olhar, principalmente, o selo de pureza que deve obrigatoriamente conter nesse suplemento. O selo se chama “creapure” que comprova que o produto atende a altos padrões de qualidade.

“É sempre bom lembrar que a creatina não engorda, ela não tem um valor calórico significativo, o que acontece é que ela pode ocasionar uma pequena retenção de líquidos dentro das células musculares, e isso tem pontos bem positivos ao melhorar a hidratação celular, contribuir com as fibras musculares e favorecer o ganho de massa muscular”, comenta Cavalcante.

Além da recomendação por um profissional de saúde, o uso exige atenção.

Confira os cuidados ao usar creatina, segundo especialistas: