Eleição presidencial nos Estados Unidos pode ser decisiva para economia brasileira. Entenda | Brasil

Por Milkylenne Cardoso
3 Min Read

As eleições presidenciais dos Estados Unidos podem gerar reflexos importantes sobre a economia brasileira. Dentre os principais está a agenda protecionista de Donald Trump, que tem chances de voltar para a Casa Branca, avalia a Tendências Consultoria.

Em seu relatório Cenários de Longo Prazo de março, a consultoria prevê que o possível retorno ao poder de Trump traga riscos de natureza de ordem política e institucional e de aprofundamento do nacionalismo econômico.

“Os dilemas mais diretos para a economia brasileira, na verdade, decorrem da dimensão econômica. A receita econômica de Trump combina medidas do tipo ‘supply-side economics’ e protecionismo comercial. Nas palavras da campanha: ‘redução de tributos’ e um plano de longo prazo de reshoring trazendo de volta para os EUA as principais cadeias de suprimentos para transformar os EUA ‘na superpotência industrial’”, lembra o texto. “Trump, inclusive, ameaça criar uma tarifa comercial horizontal para todos os países (especialmente China) que não praticarem o comércio internacional justo.”

Segundo Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia e análise setorial da Tendências, uma eventual mudança na política nos EUA é especialmente importante para o Brasil.

Ribeiro, que é autora do texto, argumenta que para a economia brasileira, os efeitos devem se materializar basicamente por dois canais: financeiro e de comércio, todos com efeitos adversos para crescimento econômico.

“Do ponto de vista do comércio, a economia brasileira pode ser afetada diretamente pelo maior protecionismo americano, com imposição de tarifas aos produtos brasileiros exportados para o país, com destaque para semimanufaturados e manufaturados”, exemplifica.

Publicado a cada três meses, o Cenários de Longo Prazo traz previsões de longo prazo para a economia brasileira. A edição de março é a primeira deste ano. Nela, a Tendências mantém a probabilidade de 65% de ocorrer o cenário básico, no qual o crescimento médio da economia brasileira entre 2024 e 2033 seria de 2,3%, ante alta de 2,4% estimada anteriormente. Nesse cenário haveria apreensões no âmbito doméstico decorrente da fraqueza da coalizão governista e do capital político limitado do presidente Lula na definição da agenda legislativa.

No cenário pessimista, que tem 25% de chance de ocorrer e no qual ocorreria corrosão da popularidade presidencial e problemas de governabilidade minando as metas fiscais, o Brasil cresceria 1,7% até 2033, ante a previsão anterior de 1,5%.

O cenário otimista, que tem 10% de probabilidade de se concretizar, a economia brasileira cresceria 3,1%, mesmo patamar previsto anteriormente. Nesse cenário prevê redução considerável da polarização política e uma ampla coalizão de governo dando apoio à agenda de recuperação das receitas, com efeitos positivos para o equilíbrio fiscal e macroeconômico.

Fonte: valor.globo.com

Share This Article