Prefeitura tem projeto para 20 novos ecopontos em Goiânia. 

Por Milkylenne Cardoso
9 Min Read

A Prefeitura de Goiânia tem projetos para construir 20 ecopontos na cidade, de acordo com a Comurg (Companhia de Urbanização de Goiânia). A capital, que enfrenta um problema histórico na coleta de lixo, tem buscado alternativas para a destinação correta dos resíduos. Conforme o Marco Legal do Saneamento Básico, os lixões devem ser desativados e substituídos por aterros sanitários regulares até agosto de 2024. Sendo assim, os pontos ecológicos surgem como uma boa alternativa para a população ajudar o poder público no descarte correto de resíduos.

Conforme a Comurg, os locais para construção dos novos ecopontos estão sob identificação e análise. Neles, é possível descartar resíduos de construção civil (até 2 metros cúbicos), recicláveis, podas de galhas, folhas e outros materiais provenientes de limpeza de jardins, além de móveis e até quatro unidades de pneus. A Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) está reestruturando o Ecoponto Guanabara, o mais antigo e mais utilizado na cidade. Além dos cinco já existentes, a Prefeitura está mapeando outras áreas para a implantação dos novos ecopontos.

Os resíduos recicláveis, como papel, plástico, vidro e metal, juntamente com o óleo de cozinha, são encaminhados para as cooperativas cadastradas na Prefeitura. As madeiras também são direcionadas para essas cooperativas. Os demais resíduos são destinados ao aterro sanitário. Em 2023, a Comurg recebeu mais de 12 mil toneladas de resíduos dos pontos ecológicos.

Os Bens Inservíveis (BDIs), como móveis e eletrodomésticos, são separados para descarte adequado. Já os sacos grandes (BEGs) são utilizados para armazenamento e transporte dos resíduos. O bagaço consiste nos BDIs molhados ou com outras características que não permitem seu reaproveitamento, sendo também destinado de maneira apropriada.

Entre os resíduos mais recebidos estão os restos de construção civil, podas de árvores e gramas, toneladas de bagaço (móveis estragados), itens recicláveis, bens domésticos inservíveis, como sofás e geladeiras, e pneus. Parte dos resíduos também é reaproveitada pela Comurg, como os pneus, que são utilizados para ornamentar canteiros e jardins das praças da cidade. Além disso, os restos de podas são transformados em um adubo natural de alta qualidade, enriquecido com casca de arroz, utilizado no cultivo de mudas.

Coleta seletiva

Existem 13 cooperativas cadastradas na Prefeitura que realizam a coleta seletiva de pets e outros recicláveis pequenos diretamente na porta das casas. Entre elas estão a Cooprec e a Cooper Rama. “Os ecopontos são muito importantes e cada região deveria ter uma unidade. Fora do Brasil, há cidades com contêineres nas quadras para separação do que é reciclável e o que não é. É necessário cobrar do poder público, mas também incentivar a população a fazer sua parte”, explica Dulce Helena, presidente da Cooper Rama.

Além da Comurg, a Cooprec também recebe lixo de grandes geradores, ou seja, estabelecimentos comerciais, industriais, institucionais ou de serviços que produzem uma quantidade significativa de resíduos sólidos. Além da importância econômica e ambiental, a diretora administrativa da cooperativa, Nair Rodrigues, também destaca a inclusão social promovida pelas cooperativas de reciclagem. “Uma das vantagens das cooperativas é que desempenham este trabalho por um custo menor. Além disso, promovem a inserção econômica de trabalhadores que, muitas vezes, estão à margem do mercado”.

Conscientização para reciclagem

Há décadas atuando no setor de recicláveis, Dulce destaca que campanhas explicativas são essenciais para disseminar o conhecimento na sociedade sobre a importância da reciclagem e seus benefícios. “Quando uma pessoa compreende o impacto positivo que a reciclagem traz, ela se motiva a participar ativamente desse processo”, diz. No entanto, muitas vezes falta esse incentivo e iniciativa do poder público, como por exemplo, a ausência de caminhões de coleta seletiva e de recipientes para separação de resíduos.

“Aqui em Goiás, realizamos a coleta de materiais recicláveis, como papel, plástico, metal e vidro. Em seguida, fazemos a triagem dos resíduos e os prensamos. Posteriormente, os materiais são encaminhados para a comercialização”, frisa. No entanto, continua, é importante ressaltar que atualmente não há cooperativas dedicadas à industrialização ou à transformação dos materiais reciclados em Goiás. De fato, o estado carece de indústrias de reciclagem, as quais estão concentradas principalmente no Sul e Sudeste do país. A única unsina em Goiás é uma indústria de papelão, localizada em Senador Canedo, Região Metropolitana de Goiânia.

Para Dulce, uma campanha bem elaborada pode gerar um grande aumento no montante de materiais recicláveis coletados pela cooperativa. “Já tivemos experiências muito positivas com campanhas a nível nacional e mundial, como a “Muda Brasil”, pontua a presidente da cooperativa. Em Goiânia, especificamente, houve uma grande adesão à campanha, resultando em um aumento significativo na quantidade de materiais recicláveis recebidos pela cooperativa.

Além disso, é fundamental iniciar a conscientização desde a educação básica. Escolas que promovem visitas às cooperativas e ensinam sobre reciclagem ajudam a formar cidadãos mais conscientes e engajados nessa causa. Ao levar esse conhecimento para casa, os alunos acabam influenciando suas famílias e contribuindo para mudanças de hábitos. No entanto, ainda há muito a ser feito.

Por exemplo, em relação ao trânsito, poderíamos adotar práticas como as observadas em algumas cidades estrangeiras, onde há separação de lixo reciclável e não reciclável nas vias públicas. Essas iniciativas contribuem para uma cultura de sustentabilidade e responsabilidade ambiental mais ampla na sociedade.

Desafio para cidades e empresas

Goiás tem 186 lixões que ainda recebem resíduos sólidos de maneira inadequada e irregular, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). Além do lixo gerado pela comunidade, há também os resíduos das grandes empresas, chamadas grandes geradoras. Dados da pasta também apontam que 86% dos resíduos da construção civil são descartados de modo irregular em Goiás.

Conforme o Marco Legal do Saneamento Básico, os lixões devem ser desativados e substituídos por aterros sanitários regulares até agosto de 2024. Esse prazo já foi estendido por dez anos, quando a Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelecia o fim dos lixões até 2014. Com o fim dos lixões, o destino para os resíduos se torna um desafio, e oportunidade, para muitas empresas e órgãos públicos.

Todo município será obrigado a implementar o serviço de coleta seletiva até seis meses depois da publicação do decreto. Ou seja: até junho de 2024. A coleta deve alcançar, no mínimo, 10% da população urbana em um ano após o seu início. Esse percentual deve aumentar para o mínimo anual de 15% da população total atendida a cada ano. Todo material coletado deve ser enviado às cooperativas ou associações de catadores.

Cata-treco em Goiânia

Com o objetivo de prevenir o descarte irregular, a Prefeitura de Goiânia também oferece o serviço gratuito do Cata-Treco. Para solicitar os serviços, basta acessar o aplicativo Prefeitura 24h, WhatsApp (62) 98596-8555 e teleatendimento (62) 3524-8555.

Endereços dos ecopontos

1 – Ecoponto Guanabara: Rua GB-5 com Rua GB-6, Jardim Guanabara II

2 – Ecoponto Faiçalville: Avenida Nadra Bufaiçal com Avenida Madri APM, Setor Faiçalville

3 – Ecoponto Jardim São José: Rua Frei Nazareno Confaloni com Rua Irmã Maria Bernarda, Jardim São José

4 – Ecoponto Campos Dourados: Rua São João Del Rei APM 07, Residencial Campos Dourados

5 – Ecoponto Parque Eldorado Oeste: Rua Elo 43, Parque Eldorado Oeste

 

 

 

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