Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) forneceu estatísticas detalhadas sobre a população indígenas e quilombola, incluindo dados por sexo e idade para diferentes áreas territoriais. No Estado de Goiás, existem 30.391 quilombolas e 19.517 indígenas residentes. Os dados foram revelados pelo Censo Demográfico 2022 e divulgados nesta sexta-feira, 3.
Em Goiás, os quilombolas se destacaram por possuírem um perfil mais jovem em comparação com a população total, como evidenciado na distribuição relativa da população residente nos gráficos. A análise revelou que 46,17% da população quilombola tinha menos de 29 anos. O grupo mais representativo era o de 15 a 29 anos, com 23,37%, seguido pelo grupo de 0 a 14 anos, com 22,80%, e pelo grupo de 30 a 44 anos, com 21,94%.
Os quilombolas com 60 anos ou mais representavam 13,93% da população. Em contraste, na população total de Goiás, o grupo mais numeroso era o de 30 a 44 anos, com 24,34%, seguido pelo grupo de 15 a 29 anos, com 23,07%. O percentual de pessoas idosas na população total era ligeiramente menor do que entre os quilombolas, representando 13,66%.
A análise do perfil das pessoas quilombolas, segundo a residência em territórios oficialmente delimitados ou não, demonstrou diferenças significativas. Em Goiás, 16,80% da população autodeclarada quilombola residiam em territórios oficialmente delimitados (5,1 mil pessoas), enquanto 83,20% residiam fora (25,3 mil pessoas). Embora em ambos a população com menos de 29 anos seja a maioria, era significativa a concentração desta faixa etária nas pessoas residindo em territórios quilombolas.
Estimativas da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – Coordenação de Goiás (Conaq) indicam que, entre certificadas e não certificadas, existem 82 comunidades quilombolas em Goiás.
As comunidades estão espalhadas nos seguintes municípios: Abadia de Goiás, Alto Paraíso de Goiás, Aparecida de Goiânia, Barro Alto, Cachoeira Dourada, Caiapônia, Campos Belos, Cavalcante, Cezarina, cidade de Goiás, Cidade Ocidental, Colinas do Sul, Corumbá de Goiás, Cristalina, Cromínia, Divinópolis de Goiás, Faina, Flores de Goiás, Goianésia, Iaciara, Iporá, Itumbiara, Jataí, Jussara, Matrinchã, Mimoso de Goiás, Minaçu, Mineiros, Monte Alegre de Goiás, Niquelândia, Nova Roma, Padre Bernardo, Palmeiras de Goiás, Pilar de Goiás, Piracanjuba, Pirenópolis, Posse, Professor Jamil, Rio Verde, Santa Cruz de Goiás, Santa Rita do Novo Destino, São João d’Aliança, São Luiz do Norte, Silvânia, Simolândia, Teresina de Goiás, Trindade, Uruaçu, Vila Boa e Vila Propício.
População indígena envelhece e tem mais mulheres
Em Goiás, a população indígena totalizou 19.517 pessoas, representando 0,28% da população total, de acordo com o Censo Demográfico de 2022. Analisando seu perfil demográfico, percebe-se um significativo envelhecimento em relação a 2010, com um índice de envelhecimento de 137,36 em 2022, comparado a 85,67 em 2010. Isso indica um aumento no número de pessoas com mais de 60 anos em relação a cada 100 pessoas de zero a 14 anos.
Além disso, a idade mediana aumentou de 34 anos em 2010 para 39 anos em 2022. Quanto à distribuição por sexo, houve uma redução na razão de sexo, de 89,97 em 2010 para 84,37 em 2022, refletindo uma diminuição na quantidade de homens em comparação com as mulheres. As mudanças demográficas na população indígena em Goiás são evidentes ao comparar as pirâmides etárias dos Censos Demográficos de 2010 e 2022. Enquanto houve um leve aumento na proporção de crianças com menos de 10 anos, houve quedas significativas nos grupos de 10 a 29 anos e 30 a 39 anos. Por outro lado, os principais aumentos foram observados nos grupos de 50 a 79 anos.
No estado, existem cinco reservas e três grupos indígenas: os Karajá, de Aruanã; os Tapuios do Carretão, em Rubiataba e Nova América; e os Avá-Canoeiro, em Colinas do Sul e Minaçu. Os que não vivem em aldeias estão espalhados por vários municípios, incluindo a capital, que sedia a União dos Indígenas Residentes em Goiânia (Unirg).
No Brasil, o número de indígenas em 2022 aumentou em 89% em relação ao Censo de 2010. Essa mudança significativa pode ser atribuída a alterações no mapeamento e na metodologia da pesquisa entre as duas edições, resultando em uma identificação mais precisa da população indígena.
O mapeamento dos povos indígenas pelo IBGE teve início em 1991, com base na autodeclaração no quesito cor ou raça. No entanto, a partir do Censo de 2022, o instituto ampliou sua metodologia, incluindo o quesito “se considera indígena” para a contagem da população. Além disso, houve maior participação das lideranças das comunidades no processo de coleta de dados, bem como a inclusão de outras localidades indígenas além das terras oficialmente delimitadas. Essas mudanças contribuíram para uma contagem mais abrangente e precisa da população indígena no Brasil.
Com informações: IBGE