O dólar encerra pelo sétimo dia consecutivo abaixo de 5 reais. Nesta quinta-feira, 23, a moeda americana ficou cotada 4,83 reais, recuo de 0,25% em relação a quarta-feira. No intradia, a moeda chegou a atingir os 4,76 reais, mas retornou e ficou quase no zero a zero. De toda forma, os resultados da semana fazem com que o câmbio inverta a curva ascendente dos últimos dois anos, desde antes da eclosão da pandemia.
No ano, o dólar já desvalorizou 13,5% frente ao real. A desvalorização está atrelada à alta dos preços das commodities, que estão beneficiando a balança comercial e as bolsas de valores de países emergentes – como o Brasil -, que usualmente são grandes exportadores de matérias-primas. O movimento também está atrelado a alta taxa de juros no Brasil. A Selic está em 11,75% e ainda são esperados novos aumentos. As projeções do mercado saltaram de 12,25% para 13% ao final do ano, de acordo com o último boletim Focus. Especialistas recordam que quando a taxa de juros no Brasil atingiu seu menor patamar histórico de 2% ao ano, o câmbio sofreu uma enorme volatilidade.
Com a baixa, o dólar turismo foi negociado entre 5 reais e 5,08 reais o papel moeda nas casas de câmbio de São Paulo e do Rio de Janeiro, patamar mais baixo desde março de 2020. O dólar turismo é atrelado ao comercial, mas por ter IOF embutido, acaba tendo cotação um pouco maior.
A taxa de juros a patamares próximos de zero em grande parte das maiores economias do mundo estimulou a injeção de capital no Brasil, que hoje é o quarto país com a maior taxa de juros do mundo. Em termos de taxas de juros reais, o país figura na segundo posição, atrás apenas da Rússia. Com uma inflação não experimentada há mais de quatro décadas, os Estados Unidos começaram a elevar os juros básicos, saindo da faixa entre 0% a 0,25% para 0,25% a 0,50%. Para os analistas financeiros, o diferencial de juros entre os países ainda é alto para reverter os investimentos observados no Brasil nos últimos meses.
Apesar dos ventos favoráveis ao Brasil, a desvalorização do dólar não deve arrefecer os preços por aqui. Nesta quinta-feira, o Banco Central elevou a estimativa de inflação de 4,7% para 7,1%, e aumentou a probabilidade para 88% a 97% de ficar acima do teto em 2022. A autoridade atribui parte significativa da inflação aos preços do petróleo e dos alimentos. De acordo com o BC, o câmbio mais baixo não deve ser suficiente para diminuir a pressão sobre os preços, já que as commodities estão mais caras no mercado internacional.
Fonte: Economia veja.com